tag:blogger.com,1999:blog-69812406880674922972024-02-20T01:42:46.635-08:00Serious ComplexityDesabafos de uma mente complexaAna Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.comBlogger13125tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-17479268717638335612014-03-26T13:52:00.000-07:002014-03-26T14:08:12.185-07:00Quedas, pimenta e chocolateConheço uma tipa (que por acaso não sou eu…) que tem uma mãe espectacular.<br />
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E essa mãe decidiu que domingo era um bom dia para fazer derrapagens em plena estação de serviço, com direito a ambulância e a que lhe guardassem o sapato do pé esquerdo numa saca de plástico do continente.<br />
<br />
Ora essa mãe já tinha idade para ter juízo. Mas acontece que a tal tipa acha piada às atitudes de uma meia-idade temperada de sabores e dissabores tão chocantes como pimenta e chocolate. Às vezes as mães têm destas coisas. Magoam-se como crianças e, naquela janela de tempo, distraem-se e esquecem-se que já que são pessoas adultas e que têm um exemplo a dar à sua descendência.<br />
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Parar uma pessoa que não consegue estar sentada 5min tem as suas consequências. Algumas passam por comentários fofinhos, infantis, irritados e genuínos. E é espectacular saber que todas as pessoas (até as mães de pessoas malucas como a minha amiga) podem voltar a ser crianças com o “empurrão” certo.<br />
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É espectacular saber que, independentemente da nossa convicção vamos estar errados, uma e outra vez… e que a vida, os outros, ou as quedas em estações de serviço nos vão ensinando a apreciar isso.<br />
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É a forma que a vida tem de te surpreender e resgatar do teu universo interior fechado, vivido e sofrido. É a forma da vida te surpreender contigo própria e com aquilo que ainda tens a aprender sobre ti. É a forma da vida tem dizer que isto é só uma escala e não o destino final.<br />
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Nesse espaço de tempo de estupidez e de descuido algo se revela. É nesse espaço do “pobre de mim” em que podemos fazer a escolha de achar que tudo está contra nós ou de acreditar que isso não é importante e que as quedas se curam com um penso, um beijinhos, dois abraços e com uma mão para nos ajudar a levantar…Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-21983781993159005532014-02-27T15:02:00.000-08:002014-02-27T15:02:24.812-08:00Lutas melhores<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgibTDa4XsbTwvKLc5-4dpMwx5QBX7TpXSs50zFp7vzwImq_He3nlsbtA7x07AS_CdoUOKKN_9wgDMzt-F61sEa6cGArWn4OjaAO6ETlGHs_2vdD1nZ9jmcvn1DKFAws5fHJyVKsff6wSk/s1600/2014-02-23+10.49.09.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgibTDa4XsbTwvKLc5-4dpMwx5QBX7TpXSs50zFp7vzwImq_He3nlsbtA7x07AS_CdoUOKKN_9wgDMzt-F61sEa6cGArWn4OjaAO6ETlGHs_2vdD1nZ9jmcvn1DKFAws5fHJyVKsff6wSk/s1600/2014-02-23+10.49.09.jpg" height="231" width="400" /></a></div>
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Coragem é algo que encontras ao fim de um plano falhado. É aquilo com que chocas naquele lugar escuro que guardas dentro de ti. É uma revelação espinhosa de proporções épicas no momento mais frágil do ser.<br />
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E nessa fragilidade tu encontras uma força estranha que julgavas não ter. E abraças os espinhos que a vida te deu. E deixas que a verdadeira coragem rompa com todo o teu ser.<br />
<br />
E então tu rompes com ideias que não são tuas mas que engoliste por engano. Choras sem vergonha na rua e mostras-te sem te queres esconder. É então que escolhes ficar inerte perante o julgamento duro dos outros. E decides usar a tua fúria para inflamar lutas melhores.<br />
<br />Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-18165276875746408172013-08-06T12:54:00.000-07:002013-08-06T12:54:29.705-07:00Sapos, música ambiente e primeiros rascunhosComeço a escrever. Lentamente ao início. Ganhando velocidade a cada novo minuto. Um início é sempre penoso, demora até que os meus dedos entrem no ritmo e até que os meus pensamentos se ajustem à página. E enquanto não consigo ver com clareza vou-me entretendo com o meu pântano de tretas e com os sapos que por lá vagueiam.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaezFqV8u5CUgflu0HkXw2qyDiduJfW5ITUTSzneasLkKUVXqi2w7XrnhjgAe5zREm358RATVWTwBMnF7eEOY_We4ii1V-ybWyAo_TAPW7Eo0hS3nyIxxvOaaNpMaJqt5AVwHKj41rigo/s1600/Frog.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaezFqV8u5CUgflu0HkXw2qyDiduJfW5ITUTSzneasLkKUVXqi2w7XrnhjgAe5zREm358RATVWTwBMnF7eEOY_We4ii1V-ybWyAo_TAPW7Eo0hS3nyIxxvOaaNpMaJqt5AVwHKj41rigo/s400/Frog.jpg" width="400" /></a></div>
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<span style="font-size: xx-small;">Frog de <a href="http://www.morguefile.com/archive/display/864383" target="_blank">wattersflores</a></span></div>
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Não vou dizer que percebi logo ao início o que eram os sapos. Pensei que eram seres bonitos, interessantes e descomplicados e achei que talvez fosse boa ideia deixar-me enrolar. Foram as pequenas coisas que os denunciaram: as desculpas matreiras e totalmente racionais que usavam para me desviar do meu caminho.<br />
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Eu queria atravessar o pântano e chegar à minha zona, aquela onde consigo escrever. Mas os sapos estavam lá. E a cada um que derrotava apareciam outros, maiores, mais gordos e mais espertos... e cada vez mais assustadores. Agora não só tinha o pântano de tretas como tinha os sapos para esquivar.<br />
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Tanto as tretas (pensamentos que me distraem) como os sapos (excessiva racionalidade) têm a sua utilidade. Ajudam-me a encontrar a ordem no caos. Mas ao escrever eu não quero a ordem, pelo menos não ao início, eu quero o caos.<br />
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Então continuo a teclar ao som de Blues, Jazz e Ciberpunk até que a música me começa a irritar. O barulho é bom, distraí os sapos. E dá-me tempo para atravessar o pântano sem ficar presa nele, sem olhar para trás, sem correr o risco de encontrar um sapo gordo e gigante pelo caminho, com vontade de me papar.<br />
<br />
Ás vezes ainda assim lá encontro um sapo. Os mais velhos são sempre mais sacanas. As pregas de gordura, a pele rugosa, os olhos enormes o hálito a moscas mortas. Tudo desenhado para me assustar. Ás vezes ganho às vezes perco. Nada é muito certo.<br />
<br />
Por isso ouço um pouco mais de música, leio coisas parvas no Facebook, questiono a sabedoria da minha decisão de nunca abandonar a escrita, faço planos estúpidos para o caso de perder um braço ou ficar cega, e questiono-me se terei que contratar alguém para escrever por mim no caso disso acontecer.<br />
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Alheia ao facto de neste momento possuir dois braços e um rabo para me sentar. E nestas divagações canso o sapo e a parte do meu cérebro que está dolorosamente consciente da sua existência. E quando dou por mim entrei na Zona e estou a olhar nos olhos o caos.<br />
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Eu gostava de dizer que sou perita na zona. Mas não sou. Ás vezes, em divagações encontro-a sem querer, outras vezes, querendo acabo por falhá-la por quilómetros.<br />
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O único sinal de que estou a entrar nessa zona é o passar do tempo e das palavras. Ela costuma chegar depois das primeiras 500 palavras de treta e quando chega tenho que desligar a música e concentrar-me unicamente no ecrã. Não existe fogos de artifício por lá, apenas uma estranha elasticidade do tempo e uma vaga sensação de que as horas voam e que os minutos se derretem e que os meus dedos teclam à velocidade da luz. Talvez eu esteja a trabalhar à velocidade duma tartaruga bebé para o observador comum. Não sei, não tenho por hábito deixar-me ser observada quando escrevo. Mas aos meus olhos agrido as teclas a uma velocidade estonteante e é essa inércia, esse contínuo, que me impede de parar.<br />
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Quando estou cá deixo de ser a pessoa que sempre fui, deixo de estar consciente de todas as coisinhas que me pareciam tão importantes à alguns momentos e foco-me na escrita e no ritmo e nas coisas que fluem sem travões para o ecrã em branco que se vai preenchendo excessivamente com palavras e frases e parágrafos que não têm prazo para acabar.<br />
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Aquilo que me apercebi ainda ontem é que tenho sido idiota. Estava preocupadíssima porque não conseguia continuar as histórias que começava. Estava já a começar a questionar se não devia desistir de vez para não ter que sentir na pele esta estagnação.<br />
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Foi então que tive uma ideia quando estava a estender a roupa ao sol. Os meus dedos começaram a formigar, com a antecipação do ritmo. Não precisei de atravessar nenhum pântano quando me sentei a escrever, não precisei de suportar 500 palavras de tretas, fui directa onde tinha que ir. E só parei passadas 1700 palavras. Aquilo que percebi mais tarde é que foi extremamente fácil escrever assim. Simplesmente porque estava a contar a história do ponto de vista do protagonista. Estava na cabeça dele, estava a sentir aquilo que ele estava a sentir.<br />
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Talvez seja o começo de um crónico caso de delírio. Ou talvez eu tenha finalmente aberto os olhos a um facto estupidamente simples: eu só me importo com a história quando a conto na primeira pessoa. E quando corto todo e qualquer contacto com o mundo que me rodeia. Quando confio que as coisas não vão desabar pelo simples facto de eu não lhes prestar atenção durante uns minutos.<br />
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Quando conto a história na terceira pessoa imediatamente ganho aquele tom convencido e épico que tenho que a certeza de ter aprendido com os filmes de Hollywood. De repente a minha história torna-se demasiado importante para mim, torna-se um gigante de 50 olhos e eu dou por mim a cantar-lhe o <i>Somebody that I used to know</i>... e a ficar-me por ali. O rascunho fica, mas o entusiasmo evapora-se.<br />
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A verdade é que não me posso dar ao luxo de me levar demasiado a sério. Demasiado julgamento analítico do tema deixa-me presa a um monólogo com o sapo gigante que ronda os meus pântanos. Histórias demasiado épicas tornam-se patéticas nas minhas palavras, não importa quanto eu tente, correm sempre mal. Os meus heróis (se é que os posso encaixar nessa categoria) são mais como eu, não têm grandes peitorais ou abdominais, não têm grande jeito para carregar uma espada, mesmo aquelas que são de brincar. Não têm grande capacidade para serem lideres audazes.<br />
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Na maior parte dos casos são extremamente curiosos, metem-se onde não se deviam meter. Não são muito eloquentes, nem elegantes, nem se sentem confortáveis nas luzes da ribalta. Mas os sítios para onde eles me levam não deixam de me surpreender, não deixo de ficar interessada, não paro de rir com as observações ridículas e irónicas que eles fazem sobre o mundo que tento criar para eles. Portanto, não deixo de me divertir. Se um dia escrever sobre heróis de tanga será uma história patética e sem substância.<br />
<br />
Com tudo isto consegui não desistir do conto que começou a formar-se na minha cabeça quando estava a estender a roupa. Prometo que não tem nada a ver com a lide doméstica (para já pelo menos). Tem sido divertido escrever ficção depois de tanto tempo a achar que era uma nódoa. Por isso, para não correr o risco de desistir do conto prometo a todos vocês que o irei publicar (neste blog ou numa revista louca que o queira aceitar) em português e inglês para todos que quiserem divertir-se um pouco com o fruto das minhas divagações!<br />
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Conto com vocês para me melgar o juízo no acaso de ficar cativada com um sapo mais elegante e me esquecer de continuar a avançar.Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-68436235331212243932013-05-18T13:12:00.000-07:002013-05-19T03:40:20.782-07:00Heróis de cuecas (e porque o mundo está melhor sem eles)Olho-me ao espelho. Cara lavada. Sem artifícios. Pela primeira vez em anos consigo ver para além das minhas olheiras escuras e encontrar os meus olhos. Consigo ignorar as minhas sobrancelhas por depilar, a minha cara assimétrica, a minha pele ainda assaltada por pequenas erupções de borbulhas. Consigo ver para além do estado desastroso em que se encontra o meu cabelo. E quase que consigo perdoar os meus incisivos por terem diferentes tamanhos. Afinal de contas, ninguém tem culpa de eu ter escorregado e caído no chão de uma piscina pública de uma forma tão pouco sexy.<br />
<br />
Costumava ficar deprimida por dias sem fim por ser tão ignorada pelos meus amigos e colegas. Costumava fantasiar com o momento em que as coisas iam começar a correr bem. Tal como me tinham prometido nas histórias. E, por isso, decidi manter o meu bom comportamento e esperar pelas mais-que-merecidas recompensas.<br />
<br />
Agora, a semanas do meu 25º aniversário eu consigo sentir o tempo a passar. Quando penso na última vez que fiz algo de realmente <i>mind-blowing</i> tenho que contar os meses e os anos, não as simples semanas e dias que sempre separavam uma aventura da seguinte.<br />
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Quase 25 anos e o meu conto de fadas continua num irritante <i>stand-by</i>. Não existe ninguém para me salvar agora. Nenhum herói em collants e cuecas com a capa a esvoaçar ao vento. Eu dei os meus saltos e caí, sem ninguém para me apanhar. Apenas comigo mesma a chamar-me de estúpida e a enrolar-me num canto. Mas agora percebo que a única solução que me resta é continuar a saltar.<br />
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<a href="http://www.morguefile.com/archive/display/219912" target="_blank"><img alt="file000439007320" border="0" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0lllvHa51shA9pc7Fi205kGmB1imozO3vHGtSdmfhYNIHJlCFmT4Egrthl_9iJKbsfAK6J4ZIRGGCMVmEhXC-7jiW-eEdCoAtOYClFqOMg4mb7LEemFU6IrgG4b8pfXOUyNmz8KmfLVU/?imgmax=800" style="background-image: none; border-bottom: 0px; border-left: 0px; border-right: 0px; border-top: 0px; display: block; float: none; margin-left: auto; margin-right: auto; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;" title="file000439007320" width="404" /></a><br />
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É certo que os seres humanos não estão programados para crescer umas asas. Mas somos elásticos. E um elástico só parte quando foi demasiado longe. E mesmo quando chegamos a esse limite longínquo percebemos que podemos continuar a expandir, a partir, a crescer e a viver.<br />
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A maior mudança que vivi foi quando mudei de país. É certo que estava à distância de uma mísera hora de de avião. Mas essa hora parecia-me sempre maior, principalmente naqueles malditos voos das 6 da manhã, em que os hospedeiros conseguiam sempre assustar a minha vontade de dormir enfiando-me revistas pela cara adentro e dispersando cafeína pela cabine. Mas isso são histórias para outra altura, envolvendo multas injustas e outras aventuras menos excitantes.<br />
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O que eu queria dizer é que estar noutro sítio mudou-me. Não como naqueles programas de <i>extreme makeover</i>. Não voltei uma pessoa diferente, apenas voltei mais “eu”. E sei que isso não deverá ter agradado a toda a gente. Experimentei-me como nunca tinha feito, sem as minhas rodas de apoio. As mesmas que usei durante toda a minha vida antes de ter decidido partir.<br />
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E é aqui que entram as minhas olheiras e cara assimétrica. Descobri que, no fim de todas as neuroses, no fim de toda a carência, no fim de toda a necessidade de ser aceite e admirada pelos meus genes, nada disso jamais me iria voltar a preocupar. Eu continuei igual por fora, mas os meus olhos nunca mais voltaram a captar as coisas da mesma forma e os meus pensamentos nunca mais voltaram aos seus padrões originais.<br />
<br />
Descobri que gosto de andar sem maquilhagem. Porque, sem maquilhagem, existe uma camada a menos entre mim e o mundo que é tão rico e tão selvagem que não precisa de heróis de collants para animar as coisas.<br />
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Gosto de ser eu. Mesmo que isso implique ferir pessoas. Porque feri-me a mim mesma durante toda uma vida, não me permitindo ser quem na verdade sou. Uma <i>bookworm</i>, que adora animes, mangas e tudo o que tenha alguma coisa a ver com cultura japonesa. Gosto de vestir uma bata e fazer as coisas esquisitas que os microbiólogos fazem num laboratório. Gosto de sentar-me a escrever ao fim do dia, mesmo com dores de cabeça e na iminência de adormecer em cima do teclado. Gosto de recusar convites para festas quando estou a seguir uma história na minha cabeça.<br />
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Não gosto de pensar no passado. Nas coisas que fiz em momentos em que só tinha metade do cérebro em funcionamento. Não gosto de pensar nas coisas que devia ter dito e feito. Gosto de pensar no agora. No fim da tarde e na família fantástica que está disposta a aguentar os meus sonhos ridículos apenas porque gosta de me ver sorrir.<br />
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Nunca fui uma pessoa muito optimista. Mas sempre fui curiosa. E sempre que a dúvida se instala ou a coragem desmorona há algo que faz ficar: a impaciência de saber o que vai acontecer a seguir! Porque enquanto ainda estiver viva coisas magníficas podem e vão acontecer. Vou aprender a saltar e aprender a cair e aprender a levantar-me e a fazer tudo de novo. E mais vale começar o mais rápido possível, porque a vida não fica mais fácil <br />
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Nunca vou escrever aquele livro que tenho em mente se estiver à espera de ter vontade. Porque a vontade é caprichosa e às vezes só aparece quando já temos as mãos bem enterradas na massa. A motivação vem de dentro, de saber que não posso dar-me ao luxo de desistir. Porque da próxima vez que me entregar à corrente da vida podem passar anos até que eu tenha forças, vontade ou paciência para submergir novamente e sonhar.<br />
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O sonho não se vive na cabeça. É um esforço diário, contínuo e casmurro como um raio. É saber que o caminho é difícil, cortante, sufocante e sorrir.Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-84632590460201447532013-05-14T15:31:00.000-07:002013-05-14T15:31:17.398-07:00Terapia de choqueSinto uma neblina a instalar-se a partir duma certa hora. Por isso tenho que me levantar para fazer uma saudação ao sol no chão da sala (os praticantes de Yoga vão perceber).<br />
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Ajuda sempre um pouco. E não deixa de ser mais inteligente que um café nocturno, que me deixa sempre a debater furiosas teorias pela noite dentro.<br />
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Neste momento o meu cérebro a esforça-se para além da sua quota diária de energia. Sinto-me como se tivesse apenas meio cérebro.<br />
<br />
O que me permite suportar apenas metade das tretas que são habituais. O que não deixa de ser óptimo, visto que foram essas tretas bem pensadas que tornaram a minha escrita tão falsa nos últimos tempos.<br />
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Sinto uma certa saudade de escrever como escrevia na minha adolescência. Com os dramas, catastrofismos e toda aquela inocência parva que nunca tinha medo de arriscar.<br />
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Talvez eu tivesse apenas meio cérebro na altura. Com todas as hormonas em estratagemas de distracção crónica. Se escrevi para além de tudo isso suponho que não tenho desculpas para não o fazer agora.<br />
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Tenho escrito de forma consistente nos últimos dias. Porque me deixei de meias-soluções (=tretas) e me atirei de cabeça. Parece que planos extravagantes e passinhos de bebé não funcionam comigo.<br />
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Aparentemente, pelo andar das coisas, o que parece funcionar é terapia de choque. Ser brutal com a minha preguiça pós-jantar, sentar-me na cadeira mais desconfortável da casa e simplesmente escrever como se amanhã não fosse dia de trabalho.<br />
<br />
Passei tanto tempo em busca de truques mágicos. Nunca me deti realmente a analisar se essas extravagâncias poderiam funcionar comigo.<br />
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Sou uma pessoa de passos de gigante. Não foi sempre assim. Mas começou a ser a partir do momento em que percebi que era demasiado boa a inventar desculpas. Em antecipação da incerteza que sempre sinto ao escrever a minha mente prefere sempre dar um tiro no pé.<br />
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A única solução viável é arranjar qualquer distracção que me permita aproximar do teclado sem que ela tenha tempo para debitar as suas velhas desculpas.<br />
<br />
Só assim é que realmente consigo encontrar aquela folga que preciso para começar a teclar. Aquela brecha entre as neuroses do meu dia-a-dia e a clareza da imaginação.Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-47810101550910668962013-05-01T16:12:00.000-07:002013-05-01T16:13:23.167-07:00Sonhos eternosTenho a horrível sensação que me estou a tornar numa daquelas eternas aspirantes que escreve muito sobre como é dificil escrever mas que, na prática, não faz mais do que ingerir calorias, ver séries e fazer maratonas de filmes com pijama.<br />
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Já não sou nenhuma criança. Por isso suponho que já não preciso de pintar o cenário de cor-de-rosa, fingir que tudo é fantástico e que a vida é uma pradaria (eu ia escrever mar de rosas, mas achei que era demasiado cliché e eu estou numa cruzada contra os clichés... um dia falo sobre isso).<br />
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Portanto sou adulta o suficiente para admitir que não tenho aquilo que é preciso para escrever um livro. Pelo menos neste momento da minha vida...<br />
<br />
Não tenho, porque passo os meus dias apressados concentrada noutra coisa qualquer e quando realmente arranjo tempo acabo por esgotá-lo com lamúrias.<br />
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Estou naquele ponto da minha vida em que já tentei o suficiente para saber que o caminho não é nada fácil. Mas ainda me falta a convicção (ou temosia) para me atirar a ele.<br />
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O que me custou admitir é que, ás vezes, os sonhos não passam disso porque não temos o sangue frio para lhe tirar o romantismo e para começar a vivê-los. Não temos coragem suficiente para os tirar da cabeça e pôr-los no papel. Porque já fizemos algumas tentativas patéticas que nos deixaram de rastos.<br />
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Os sonhos são sempre mais bonitos na nossa cabeça. Porque nela não temos que lidar com as nossas falhas ou limitações. E por isso é sempre mais confortável mantê-los assim.<br />
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Mas também chega a um ponto em que nos fartamos das nossas próprias fantasias. Qualquer desejo ou sonho por realizar azeda e mantê-lo em processo forçado de maturação só acumula resentimento e miséria.<br />
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O momento para desistir é agora. Quando ainda não tentei o suficiente. Sinto-me tentada a isso.<br />
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O que existe para além deste impasse é-me desconhecido. Tudo o que existe para além deste precipício é uma anormal queda de 20 metros, e é só no momento em que damos o salto é que descobrimos se somos um pássaro ou se nos vamos esborrachar no chão... Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-25295447934346735612013-04-07T11:02:00.000-07:002013-04-07T11:02:39.086-07:00A revolta das florzinhas de estufaAlgumas pessoas metem-se debaixo da minha pele.<br />
<br />
Fazem-me ter vontade de lhes espetar um dedo no olho só para deixar de as ouvir. Atiram bombas, dão cabo da minha auto-estima e depois vão-se embora e deixam-me a ponderar sobre os destroços.<br />
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E depois chega o dia em que uma pessoa já ouviu o suficiente. Já desenvolveu uma espécie de imunidade contra essa virulência. E essas pessoas falam e falam. Atiram barbaridades para a minha cara e, em vez de me lançarem num cenário de auto-destruição assistida, deixam-me apenas irritada. Na mais pura e irrestível das fúrias.<br />
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Daquelas que me impelem para a frente. Que me fazem mostrar os dentes. Daquelas que me impedem de fingir que sou toda sorrisos e cortesias.<br />
<br />
Prefiro assim. Prefiro essa raiva desgovernada à tristeza crescente. Prefiro os dentes à mostra às lágrimas incontidas.<br />
<br />
Existe algo de mais autêntico nessa fúria. Algo de mais meu. Já não há o medo. Nem o receio de ficar mal vista ou de ser rejeitada. Já não há a mania do rebaixamente contínuo. Existe apenas a fúria e o instinto da auto-preservação.<br />
<br />
Um momento em que proteger aquilo que sou e defender aquilo que faço se torna mais importante do que evitar fazer ondas numa situação profundamente delicada.<br />
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Sempre pensei que as minhas falsas cortesias morressem um dia por excesso de maus tratos. E talvez hoje seja o dia. Ou talvez seja uma morte lenta, em quatro actos, com uma sinfonia descarrilada como pano de fundo.<br />
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Talvez isto seja crescer. Aprender que ter opiniões próprias, por muito impopulares que sejam, é mais importante do que ceder a pressões sociais.<br />
<br />
Sempre fui tão contida, tão calada, tão reservada. Mas uma pessoa sabe que tem que fazer mais do que rolar na lama quando descobre que o mundo não é um prado cheia de florzinhas amarelas e perfumadas.<br />
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<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9JSEwCLYKjH8Ico_e-kQ-nBwfcdjzgWFFnC74F3BVlcpkevyBs0M2vdRdx1n-pZAclQpV5U_LkAe75sisSKFjPRWa33-TmNNMJPEw6gXSfXW5GS9Vw_cVUY5y-Um0NlCNrutM-4OMtq8/s1600/3010737565_3dd5ea97e0_z.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9JSEwCLYKjH8Ico_e-kQ-nBwfcdjzgWFFnC74F3BVlcpkevyBs0M2vdRdx1n-pZAclQpV5U_LkAe75sisSKFjPRWa33-TmNNMJPEw6gXSfXW5GS9Vw_cVUY5y-Um0NlCNrutM-4OMtq8/s400/3010737565_3dd5ea97e0_z.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">by <a href="http://www.flickr.com/photos/doug88888/3010737565/" target="_blank">@Doug88888</a></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
Preciso de ser mais dura, nem que um dia acabe a viver sozinha numa gruta rodeada de ursos. Continuo a achar que um futuro assim é preferível a um completo abandono dos meus ideais.<br />
<br />
Continuo a achar que mereço odiar as pessoas. E que posso olhar para elas e não ver os heróis perfeitos que elas dizem ser. Continuo a estar na idade de tomar decisões idiotas. Porque ainda estou na idade de desfazer o que já fiz e começar de novo. Ainda estou na idade de decidir que não preciso de me agarrar a um pedaço pestilento de terra.<br />
<br />
E possivelmente vou continuar a achar que estou na "idade", mesmo quando tiver que apagar 80 velas no meu bolo de aniversário.<br />
<br />
Tornei-me velha quando decidi prescindir do meu direito de ser rebelde. E quando comecei a ver a vida como uma sucessão de conquistas. Desfazer isso começa por deixar de ter a mania de me comportar como uma florzinha de estufa.<br />
<br />
Passa por ser uma pessoa completa com tudo o que é de bom, mau, péssimo, pestilento, confuso e agoniante. Passa por aceitar a fúria de forma pacífica, de gozá-la e aproveitar toda a energia que ela traz para produzir algo, nem que seja um artigo inútil como este.<br />
<br />
<i>[A todos os meus leitores fantásticos, obrigada por estarem desse lado dos meus devaneios!]</i> Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-59899226804307891612013-03-31T12:11:00.000-07:002013-03-31T12:11:05.386-07:00Sermões interrompidos<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal">
Sou uma pessoa estranha. Mas quem precisa de rótulos
realmente?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não morro de amores por festas barulhentas. Abomino a privação de
sono. A mutilação dos meus preciosos tímpanos. Gosto de pensar que não terei a
desagradável tendência de berrar na cara das pessoas quando chegar à
senilidade.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E contudo. Apesar de tudo isso. Continua a ser difícil
manter-me num estado de isolamento auto-imposto que a escrita precisa. Existem
copos de água à espera de serem bebidos. Chocolates abandonados no armário da
cozinha. Programas ridículos que precisam de ser criticados. Gatos que precisam de ser mimados. Sofás que precisam de ser aproveitados. Teias de aranha à espera
de serem limpas, não vão os ditos insectos começar a sentir-se demasiado confortáveis.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Podia vomitar um qualquer discurso pré-fabricado. Com ideias que não me apetece defender. Com divagações levemente psicóticas. E intelectualizações fingindas. Tenho algumas de reserva. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Podia apressar todo este processo. Escrever uma respeitável parvoíce e ir dormir com a falsa sensação de dever cumprido. Mas não me apetece ser assim. Apetece-me ser patética e cometer erros.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Passei tanto tempo em plágio de ideias e estilos que não eram os meus. Com medo que as minhas próprias ideias fossem fracas como uma velha raquítica. Com medo que a minha voz fosse afónica e anorética.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Passei tanto tempo a pregar o correcto. A escrever coisas como "devemos", "temos que..." ou "não podemos". Passei tanto tempo a tentar ser uma boa escritora. Foi como rolar na lama e secar ao sol vezes sem conta.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nunca pensei que fosse tão difícil raspar essa lama das minhas roupas. Nunca pensei que essa hipocrisia fosse tão difícil de ultrapassar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez por isso tenha criado este blog. Numa altura em que estava enjoada comigo mesma. A ressacar dos meus delírios de grandeza. A ressentir-me dos poucos frutos e dos muitos esforços. Criei-o na ânsia de me desligar da hipocrisia que fui alimentando ao longo de horas e horas de más filosofias.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Criei-o para ter a liberdade de escrever mal e porcamente. E para ignorar respeitosamente todas as regras da boa escrita. Criei-o porque me fartei de escrever o correcto.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Criei-o porque percebi que é muito mais interessante escrever até encontrar algo importante para dizer, do que propagar ideias estéreis de seriedade com palavras bonitas.</div>
<br />
Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-67939289540336355752013-03-09T11:35:00.001-08:002013-03-09T11:36:27.323-08:0050 tons de vermelhoAs minhas indecentes faces rosadas já me meteram em mais sarilhos do que aqueles que eu gosto de partilhar. Tantos que poderia começar a relatá-los agora mesmo e daqui a um ano ainda estaria aborrecer-vos com a mesma conversa (talvez até escreva uma trilogia.. <i>who knows</i>...).<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfBIxRs7dZkqG2XZU3ZxTOm87H9fp3WMDLDPvNtVcrpCqAzj-pt_rhfOSTXhVjXjMxp2S5GR4VPUueyuyCDYSbf3ZO-gGZ9ApSEHOjyyWm3B7z3JBu9cgITga3T0SH2Nrt5xunManHVaE/s1600/2640901551_e40cb9bd4e.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfBIxRs7dZkqG2XZU3ZxTOm87H9fp3WMDLDPvNtVcrpCqAzj-pt_rhfOSTXhVjXjMxp2S5GR4VPUueyuyCDYSbf3ZO-gGZ9ApSEHOjyyWm3B7z3JBu9cgITga3T0SH2Nrt5xunManHVaE/s400/2640901551_e40cb9bd4e.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">by <a href="http://www.flickr.com/photos/aftab/2640901551/" target="_blank">aftab</a></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
Eventualmente fiquei cansada de lutar contra isso. Até porque estava a ter tanto sucesso quanto o nosso querido primeiro-ministro e as suas medidas de austeridade.<br />
<br />
Não posso simplesmente pôr um saco na cara e fingir que a minha cara não está a arder como um incêndio florestal. Mais vale pôr o cabelo atrás da orelha e deixar que os outros desfrutem em pleno da visão das minhas faces incandescentes.<br />
<br />
<a name='more'></a><br /><br />
Como é óbvio, as pessoas tiram todo o tipo de conclusões do facto das minhas faces se iluminarem à mínima provocação.<br />
<br />
Admiro especialmente aquelas que, a transbordar de preocupação, me querem explicar a todo custo, qual o tom de vermelho que a minha face adquiriu. Não vá eu confundir o vermelho escuro com um fraco tom de salmão.<br />
<br />
Outras pessoas ignoram-me por simpatia e outras aproveitam para gozar com a situação, como se corar fosse tão obsceno como andar com o cu ao léu.<br />
<br />
Já conheci de tudo um pouco. E depois de tanto tempo a tentar mudar o imutável percebi que mais vale habituar-me à ideia e aos olhares horrorizados de trausentes vários a quem apetece abanar e dizer: estou só a corar, tem algum problema com isso?<br />
<br />
<br />
Na verdade verdadinha as minhas faces mantiveram-me calada durante muito tempo (...e continuam a fazê-lo). Não somos aquilo que sonhamos ser. Não somos as princesas de cabelos esvoaçantes. Ás vezes somos apenas aquela miúda estranha e silenciosa que fica extremamente rosada de forma espontânea e despropositada. Não é suposto termos de aprender a viver com isso!<br />
<br />
<br />
O vermelho escuro do género doença rara e contagiosa é o que me custa mais. É um tom de vermelho que parece afectar todos os que estão à minha volta e suscitar um ou outro toque no ombro acompanhados do ordinário: está tudo bem!? E um olhar de preocupação de quem está à espera que eu comece a ter convulsões e a rolar pelo chão.<br />
<br />
Não vejo nada de positivo em corar. Mas, por outro lado, divirto-me com a reacção das pessoas. Como se umas faces rosadas fossem tão espectaculares como um truque de magia. E posso garantir que, 90% das vezes, tenho sempre um público atento e deslumbrado que insiste em não tirar os olhos de mim.<br />
<br />
Gosto especialmente da pergunta: porque é que estás tão vermelhinha? A qual eu respondo mentalmente com algo de género: sabe, hoje levantei-me e pensei "porque não?".<br />
<br />
Mas a verdadeira resposta é: coro porque ao meu corpo não lhe interessa que isso seja socialmente desconfortável!<br />
<br />
Costumava ficar obcecada à procura de soluções para o meu "problema". Como se corar fosse algo que fizesse de mim um ser humano menos capaz.<br />
<br />
Por muito absurdo que isso pareça, essa foi uma crença que carreguei durante muito tempo. Afinal de contas, é suposto sermos todos extrovertidos, populares e obscenamente confiantes... sem 50 tons de vermelho a atrapalhar a nossa vaidade.<br />
<br />
Mas o mundo não é perfeito. E uma vida passada a desejá-lo seria uma vida desperdiçada.<br />
<br />
Na realidade não há mal nenhum em corar. Porra, temos direito a isso!<br />
<br />
Não é nenhum atentado à liberdade alheia. Não liberta maus odores nem ruídos insuportáveis.<br />
<br />
E tanto quanto sei apenas me deu uma perspectiva mais peculiar da vida...Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-74618653711487380082013-02-24T13:10:00.000-08:002013-02-24T13:15:12.789-08:00Prefiro ser uma freak<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYpSJv9tqrYPKQRSTy9J1zoLll3d6i8E1h2k1QykA8LpvwAO_b9E0pRtEcJ5M9qdHVEjsTqOM4b4oaHOfUwHPMfkHWVzYnYIoitTVyOHtYxZIAmGCkGo9xfkwTvlkMsxJhf38I8alqlko/s1600/UBxOS0bR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYpSJv9tqrYPKQRSTy9J1zoLll3d6i8E1h2k1QykA8LpvwAO_b9E0pRtEcJ5M9qdHVEjsTqOM4b4oaHOfUwHPMfkHWVzYnYIoitTVyOHtYxZIAmGCkGo9xfkwTvlkMsxJhf38I8alqlko/s400/UBxOS0bR.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O meu fantástico gato e a reacção dele sempre que eu começo a divagar...</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Dada a minha tendência incontornável de tomar decisões parvas devia ter previsto que o passeio de hoje ia acabar num shopping super populado a fazer altos devios a carrinhos de bebé aceleras e a evitar ser atinginda por sacos de compras megalómanos.<br />
<br />
Um naufrágio parece menos cansativo do que conviver com as neuroses de quem não tem nada de interessante para fazer ao fim-de-semana e decide inundar o shopping mais à mão!<br />
<br />
Não que eu tenha grandes desculpas. Supostamente tinha um relatório para terminar. Mas consegui evitá-lo agilmente todo o Domingo. Assim como consegui evitar escrever.<br />
<br />
<a name='more'></a><br /><br />
É claro que tinha outras coisas para fazer. E é claro que prazo de entrega não é mesmo amanhã! Senão já tinha entrado em alerta vermelho e irritado toda a gente aqui em casa. E da última vez que os vi (antes de decidir que tinha que escrever este artigo) eles pareciam-me bem dispostos... pareciam pelo menos. <i>But, you never know...</i><br />
<br />
Fiquei um bocado farta depois do passeio. Todas aquelas miúdas pós-photoshop em lingerie deixaram-me mal disposta. Ás vezes dá-me destas coisas. São momentos em que sinto uma irresistível vontade de meter uns quantos trapos na mala mais rasca que tenho para aqui, apanhar um avião e emigrar para uma floresta distante!<br />
<br />
O mundo tornou-se barulhento e neurótico. Há dias em que já nem sei se aquilo que penso vem de mim ou se o ouvi numa qualquer publicidade que me enfiaram pelos olhos adentro.<br />
<br />
A ideia de que somos inadequados assalta-nos a cada esquina. E às vezes estamos tão ocupados a terminar o trabalho que algumas campanhas publicitarias começaram (ex.: você não vale puto se não tomar os nossos comprimidos mágicos e se livrar desses pneuzinhos!) que nem vemos como é tudo tão ridículo.<br />
<br />
Lamento queridos. Prefiro viver uma vida interessante e ser uma velha feliz do que injectar botox nas bochechas e evitar as minhas comidas preferidas. Prefiro usar uns trapos velhos e visitar sítios espectaculares do que passar o tempo ao espelho obcecada com a minhas falhas. Prefiro escrever até ficar com cãibras nos dedos do que passar o meu tempo a desejar ser famosa.<br />
<br />
Ontem vi uma reportagem na SIC que me deixou perto das lágrimas [e olhem que as minhas lágrimas só se mostram quando há ameaça de bomba...]. Entrevistaram uma rapariga de 35 anos que tem vivido em casas de familiares e amigos nos últimos anos. A Susana tem dois filhos e, como é já é previsível neste país, está desempregada...<br />
<br />
Senti um aperto no coração quando ela disse que tinha que vasculhar os contentores no fim-de-semana porque não tinha como alimentar os filhos.<br />
<br />
Os meus olhos quase explodiram... Andamos nós para aqui a preocupar-nos se somos ou não adequados, se encaixamos ou não nos estúpido padrões de beleza que excluem todos excepto uns quantos tristes que ganharam a lotaria "genética" e não se calam com isso.<br />
<br />
Andamos nós para aqui de cabeça baixa com uma mão a proteger a carteira de ladrões e com a outra a despejar dinheiro em coisas que não nos fazem felizes, mas que nos tornam mais adequados aos olhos dos outros.<br />
<br />
Depois de tudo isto só posso concluir que prefiro ser 100% inadequada. Do que passar o meu tempo a tentar encaixar nuns moldes de tamanho XXS e perder o que esta vida tem de melhor.Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-89981774517402478012013-02-17T12:21:00.001-08:002013-02-17T12:21:31.684-08:00Um toque de melodramaCustou-me a descobrir aquilo que queria dizer hoje.<br />
<br />
Tentei escrever sentada no sofá, deitada na cama ou com as pernas à chinês. Já tentei meditar, premeditar... acho que só me falta mesmo tentar levitar!<br />
<br />
Talvez esteja a levar isto demasiado a sério (...outra vez!). Estou sempre a cair no mesmo buraco sem fundo e agora tenho que arrastar o meu rabo pela escarpa acima para poder finalmente escrever sem restrições.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGGgpW-r01IZbFshL8RrD65RxmMvOKtNP2ca8N71ljrdTyuvj0ElRVmZGoBu1whW2jIjFOIK__b4x6yhO9xavD29ZCdWTNtR24EoBxMGse3fSyzg2-xvOKTSRad4ANHYosFFaUTzsPdyY/s1600/file2721337462489.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGGgpW-r01IZbFshL8RrD65RxmMvOKtNP2ca8N71ljrdTyuvj0ElRVmZGoBu1whW2jIjFOIK__b4x6yhO9xavD29ZCdWTNtR24EoBxMGse3fSyzg2-xvOKTSRad4ANHYosFFaUTzsPdyY/s400/file2721337462489.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="username">By <a href="http://www.morguefile.com/archive/display/814621" target="_blank">gefrsh72</a></span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
O que eu queria escrever era muito simples. Tão simples que podia reduzí-lo a uma frase apenas. E tentei fazê-lo, umas 50 vezes. <br />
<br />
<a name='more'></a><br />
O resultado foi um pouco para o enfadonho e recheado de um moralismo que nem sequer teve a decência de se disfarçar. Apaguei os meus 5 rascunhos e decidi começar outra vez.<br />
<br />
Quando o fiz percebi que, todo este tempo, estive a tentar reproduzir frases e pensamentos doutras pessoas. Enquanto, secretamente, encerrava os meus num quarto escuro e fazia o mínimo barulho possível, não querendo correr o risco de os acordar.<br />
<br />
Eles assustam-me às vezes. Têm um feitio abrasivo. Mas são meus e não me posso dar ao luxo de os ignorar.<br />
<br />
Quando decidi ficar à escuta lembrei-me de algo simples que aprendi nas orações em <a href="http://www.taize.fr/pt" target="_blank">Taizé</a>. Aprendi que nós somos, essencialmente, cheios de tretas.<br />
<br />
Passamos os dias a repetir, na nossa cabeça, pensamentos paranóicos e sem sentido que nem sequer nos damos ao trabalho de criticar.<br />
<br />
Aprendi que a verdadeira sabedoria vem depois das tretas bonitas, e aparentemente racionais, que dizemos a nós próprios, vezes sem conta.<br />
<br />
São melodramas que, à primeira vista, elevam as nossas experiências à categoria de novela mexicana, mas que raramente nos permitem desfrutar das coisas pequenas e "sem importância" da vida.<br />
<br />
Secretamente adoramos viver no dramatismo e de achar que o universo nos deve algo porque alguém nos magoou no passado.<br />
<br />
Esse drama, para além de nos entreter, também nos permite arranjar desculpas para não fazer nada. Ele assenta na crença de que as circunstâncias nos definem. E essa crença é perfeita se queremos viver uma vida superficial e previsível.<br />
<br />
Mas se queremos outras coisas, o que temos a fazer é simples. Basta colocar as malas às portas e dizer aos dramas que está na hora de se porem a andar!Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-77580049138284967682013-02-09T10:32:00.000-08:002013-02-10T14:33:03.757-08:00O medo e a escritaSou altamente improdutiva quando escrevo.<br />
<br />
Na verdade, se fosse avaliar a questão de um ponto de vista objectivo e racional (o meu preferido), diria que escrever é uma completa perda de tempo. <br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpM4dmzi018oQMCRnZN436an-pAAlCDqDapVDPawkkZY-vw0t25qT8JdoJrXSs9BdnJ5o2qXuhnj42FWXtbK2Z8_k97TKAPeaWgLFNUauWZDXKUOGfbt40wKTT-HI9Lyai4mcdq_DmWJ8/s1600/file0001384040598.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpM4dmzi018oQMCRnZN436an-pAAlCDqDapVDPawkkZY-vw0t25qT8JdoJrXSs9BdnJ5o2qXuhnj42FWXtbK2Z8_k97TKAPeaWgLFNUauWZDXKUOGfbt40wKTT-HI9Lyai4mcdq_DmWJ8/s400/file0001384040598.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">by <a href="http://morguefile.com/archive/display/48456" target="_blank">dhester</a></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
Passo muitas horas a jogar ao sério com o ecrã do meu computador. E outras tantas em séria contemplação das minhas falhas enquanto escritora. No fim, não só não tenho absolutamente nada para mostrar, como ainda me tornei a involuntária dona de uma gigante dor de cabeça.<br />
<br />
Para além da óbvia natureza pouco atraente da coisa, escrever também não é nada fácil. Nem se torna mais fácil com o tempo. Nunca.<br />
<a name='more'></a><br />
A única coisa que se torna mais fácil é a nossa capacidade de aceitar as coisas como elas são. Aceitar que vamos coleccionar horas perdidas e dores de cabeça. Que vamos perder oportunidades de fazer outras coisas interessantes. Apenas para manter o nosso traseiro no lugar e continuar a jogar ao sério com o ecrã até conquistarmos alguma minúscula vitória.<br />
<br />
Tentei encharcar-me de regras e dicas na esperança que a coisa se tornasse mais fácil. Porque, teimosa como sou, sempre dei por mim a regressar. Com ou sem ideias. Com mais ou menos dores de cabeça. Com muito ou pouco tempo. Com muito sono ou com insónias terríveis.<br />
<br />
Diante dessa minha teimosia em regressar fiz o que qualquer pessoa normal faria: tentei racionalizar o irracional e encontrar utilidade para as horas perdidas em sérias batalhas para colocar algumas palavras no papel.<br />
<br />
No processo acabei por deixar que as opiniões de terceiros calassem a minha intuição. A minha escrita tornou-se polida e contida. E como a escrita em tantos outros blogues e livros, tornou-se banal e previsível. É uma escrita sem medos, aceitável, mas que não merece mais do que um segundo olhar.<br />
<br />
É aqui que me encontro neste momento. E podia dizer que estou desmotivada com a situação. Mas a verdade é que não estou.<br />
<br />
Escrever com toda a pressão perfeccionista aos ombros não deixa muita margem de manobra. É relativamente livre de riscos. Mas também é relativamente aborrecida. E é por isso que decidi dar um passo atrás.<br />
<br />
E esse retrocesso levou-me a eliminar os conceitos de boa ou má escrita. Que na verdade são pequenas invenções que servem o único propósito perverso de nos criticarmos uns aos outros sem qualquer peso na consciência. Porque assim como uma boa dicção não é garantia de que sejamos bons oradores, saber escrever de acordo com as regras também não é garantia de que sejamos bons escritores.<br />
<br />
A escrita que causa impacto é invisível. É aquela que faz com que as pessoas arrumem temporariamente as suas neuroses quotidianas e, por uma facção de tempo, sejam transportadas para outro lugar. E esse efeito não se consegue sendo politicamente correcto ou contendo aquilo que na verdade queremos dizer.<br />
<br />
Esse tipo de escrita é para os temerários e envolve lidar com medos e riscos. Assim como envolve a possibilidade de fracassar.<br />
<br />
E essa atitude só se consegue se, por momentos, nos desprendermos na nossa necessidade de ser elogiados e nos deixarmos levar pela nossa intuição. Seja por becos e ruelas escuras. Ou pelas ruas de grandes cidades. Não sabendo bem para onde vamos, ou como vamos lá chegar.Ana Reishttp://www.blogger.com/profile/14458265543919996732noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6981240688067492297.post-56849828921747437122013-02-03T11:43:00.001-08:002013-02-04T04:45:20.894-08:00Histórias sobre tralhas<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal">
Tralhas servem para muita coisa. Mas gostamos especialmente
daquelas que não servem para coisa nenhuma. Ou daquelas que servem apenas para
nos lembrar dum breve sonho que tivemos mas que nunca nos esforçamos por
cumprir.</div>
<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsl8xjbFZlEd-QzLQXrx6qGY6GFYt_tUdm_IPd0O-CvjANuFdbB53XkZUPluuBRbv6qKctg8DtcX9TXJwIu0DMVf_2qomYW5dTTlDXsjXqNRtVcjeyp-G-0cauu6fjVeq-nz6tsWNfDgU/s1600/xwJCvyLD(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsl8xjbFZlEd-QzLQXrx6qGY6GFYt_tUdm_IPd0O-CvjANuFdbB53XkZUPluuBRbv6qKctg8DtcX9TXJwIu0DMVf_2qomYW5dTTlDXsjXqNRtVcjeyp-G-0cauu6fjVeq-nz6tsWNfDgU/s400/xwJCvyLD(1).jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os livros da minha infância</td></tr>
</tbody></table>
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<br />
<div class="MsoNormal">
Elas têm a sua função. Mas não aquela que gostamos de
inventar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<a name='more'></a><br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tralhas servem essencialmente para ocupar espaço e para
aumentar o caos. E nesse caos esperamos (secretamente) esconder as nossas
dúvidas e outras coisas que, não sendo propriamente simples, nos deixam a
pensar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eventualmente, quando nos vemos privados de aumentar a nossa
colecção de tralhas, acontecem duas coisas. Primeiro, passamos a dar
valor às tralhas que já temos. E segundo, começamos a perceber que as tralhas
são essencialmente desculpas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Desculpas para não nos dedicarmos àquilo que gostávamos de
nos dedicar. Desculpas para desperdiçar o nosso tempo. E tornamo-nos tão protectores
das nossas tralhas que nos parece estupidamente insano livrarmo-nos delas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Porque é quando as tralhas acabam que nós começamos. E
atravessar esse limite é assustador.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Este ano decidi atravessar esse limite. Comecei por eliminar as tralhas que mantenho na minha vida e na minha casa. E não sendo propriamente uma amante do minimalismo começo a sentir na pele as vantagens. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Começa por deitar fora o passado e deixar um espaço para que coisas novas possam entrar. </div>
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