01/05/2013

Sonhos eternos

Publicada por Ana Reis à(s) quarta-feira, maio 01, 2013
Tenho a horrível sensação que me estou a tornar numa daquelas eternas aspirantes que escreve muito sobre como é dificil escrever mas que, na prática, não faz mais do que ingerir calorias, ver séries e fazer maratonas de filmes com pijama.

Já não sou nenhuma criança. Por isso suponho que já não preciso de  pintar o cenário de cor-de-rosa, fingir que tudo é fantástico e que a vida é uma pradaria (eu ia escrever mar de rosas, mas achei que era demasiado cliché e eu estou numa cruzada contra os clichés... um dia falo sobre isso).

Portanto sou adulta o suficiente para admitir que não tenho aquilo que é preciso para escrever um livro. Pelo menos neste momento da minha vida...

Não tenho, porque passo os meus dias apressados concentrada noutra coisa qualquer e quando realmente arranjo tempo acabo por esgotá-lo com lamúrias.

Estou naquele ponto da minha vida em que já tentei o suficiente para saber que o caminho não é nada fácil. Mas ainda me falta a convicção (ou temosia) para me atirar a ele.

O que me custou admitir é que, ás vezes, os sonhos não passam disso porque não temos o sangue frio para lhe tirar o romantismo e para começar a vivê-los. Não temos coragem suficiente para os tirar da cabeça e pôr-los no papel. Porque já fizemos algumas tentativas patéticas que nos deixaram de rastos.

Os sonhos são sempre mais bonitos na nossa cabeça. Porque nela não temos que lidar com as nossas falhas ou limitações. E por isso é sempre mais confortável mantê-los assim.

Mas também chega a um ponto em que nos fartamos das nossas próprias fantasias. Qualquer desejo ou sonho por realizar azeda e mantê-lo em processo forçado de maturação só acumula resentimento e miséria.

O momento para desistir é agora. Quando ainda não tentei o suficiente. Sinto-me tentada a isso.

O que existe para além deste impasse é-me desconhecido. Tudo o que existe para além deste precipício é uma anormal queda de 20 metros, e é só no momento em que damos o salto é que descobrimos se somos um pássaro ou se nos vamos esborrachar no chão...

2 comentários complexos:

Isabel disse...

Sabes aquele provérbio chinês que diz que a relva e verde e que o sol brilha?! Qq coisa assim

Tens que começar a dar mais valor ao que tens, emocionalmente falando. Quanto mais tempo te entregares a lamurias mais negro vais ver o cenário.

"de que serve ao homem conquistar o mundo inteiro, se se perde a si mesmo?!" - os sonhos são teus, tens que ser tu a realiza-los. Nao desistas dos tês sonhos, pf. Eu adoro a tua forma de escrever!

Ana Reis on 2 de maio de 2013 às 15:08 disse...

Obrigada Isabel :) Acho que vou continuar a tentar dar esse salto!

 

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